domingo, 29 de agosto de 2010

AS DROGAS E A EDUCAÇÃO:

DA NEGAÇÃO AO FAVORECIMENTO DE ALTERNATIVAS PARA A NOSSA JUVENTUDE.

Mário Jorge Oliveira Silva*

13/08/2010


Existe uma frase, de autor desconhecido, que diz que “A ociosidade é a mãe de todos os vícios”. Para mim é uma grande verdade que dentre outras reflexões, me leva sempre a pensar que para combater o uso de drogas é preciso que sejam oferecidas aos nossos jovens alternativas de ocupação do seu tempo livre. Pouco adianta falar, estampar em cartazes, em revistinhas, em out door, ou mesmo na televisão, a célebre frase “Diga não às drogas”, se não temos nada para propor em contrapartida como ação.

As drogas, ao serem ingeridas, provocam sensações “maravilhosas”. Sensações de bem estar, de prazer, de leveza do corpo. Segundo alguns, permitem até as pessoas “viajarem” sem sair do lugar. Claro que depois todos nós sabemos das grandes consequências para o nosso organismo e também sobre a rede de crimes que cercam o seu consumo. Mas como dizer aos nossos meninos que a droga não presta, que não é uma boa?

Precisamos dar respostas inovadoras para esse grave problema da nossa sociedade. Precisamos favorecer comportamentos elevados em nossa juventude com possibilidades que a permita ocupar o seu tempo livre com atividades que edifiquem o seu caráter e que propiciem o culto aos bons costumes.

A prática esportiva sistematizada, como ação efetiva dentro da escola é uma grande alternativa. Independentemente das aulas de educação física, pois como as demais matérias escolares devem tratar transversalmente o assunto, a formação das equipes escolares para competições intercolegiais e os jogos internos se constituem excelentes espaços de cultivo aos hábitos saudáveis.

Outro caminho que também pode ser percorrido pela escola para potencializar o tempo dos nossos jovens é o das artes. A música, a dança, as artes plásticas, o grafite e o teatro têm sido muito utilizados por algumas ONGs com resultados efetivos no favorecimento de uma vida com mais sentido para muitos jovens. Esses expedientes já estão sendo pensados por algumas escolas, embora ainda não tenhamos informações precisas sobre a sua implantação. Talvez nos falte investigar mais a fundo o fato. A notícia animadora é que muitas escolas estão inserindo em seus planejamentos ações práticas de como enfrentar essa situação e prevenir males maiores no futuro. São aquisições de materiais esportivos, de recursos tecnológicos, de
instrumentos musicais e de artefatos para trabalhar com as demais artes, além de insumos e equipamentos para trabalhar a preservação do meio ambiente, em particular com a coleta seletiva, reciclagem de lixo e implantação de hortas comunitárias. São iniciativas louváveis que precisam do apoio de todos nas comunidades escolares para que possamos garantir o que aqui estamos colocando como alternativa.

Aliado às alternativas de ocupação é preciso abrir também uma discussão sobre como os valores se estabelecem, sobre como esses balizadores da ação humana se edificam e se perpetuam na sociedade. A primeira coisa que precisamos fazer para iniciarmos esse processo é perguntando aos nossos alunos sobre o que eles valorizam, sobre o que para eles é importante e poder confrontar as suas idéias com valores que estão associados à formação do caráter, como a verdade, o amor, a paz, a ação correta e a não-violência. Esses valores são, segundo Marilu Martinelli, no livro “Aulas em transformação: o programa de educação em valores humanos”, fundamentos morais e espirituais da consciência humana e que portanto, precisam ser
debatidos e principalmente exercitados.

De certo que essa tarefa de ajudar essa garotada a construir um futuro melhor para ela não é da escola. Ela é “também” da escola. Contudo, toda a sociedade, principalmente a família, ocupa papel preponderante nessa empreitada. Porém cabe salientar que a escola é um espaço de convivência, de aprendizagem, de construção e ainda de elevação espiritual, como bem definiu Jacques Delors, em “Educação: um tesouro a descobrir”, e por isso, nós professores, precisamos conhecer melhor sobre o assunto e também nos sensibilizarmos para a descoberta de estratégias que possam garantir boas práticas. Lembremos que essa responsabilidade não é só nossa, mas que “também” é nossa. Pense nisso!

*Professor especialista em Gestão Estratégica e Qualidade e em Gestão da Criatividade

Mário Jorge Oliveira Silva


"Ame a todos, confie em poucos. Não seja injusto com ninguém."

William Shakespeare

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