sábado, 14 de agosto de 2010

O Século XXI e a Educação



Vivemos a era da informação e da comunicação, da sociedade globalizada, da sociedade do conhecimento – e do consumo. Em suma, vivemos em meio a um turbilhão de coisas que nos afetam, interferindo no nosso modo de conhecer, de agir, de pensar, de querer, no nosso modo de ser. O mundo contemporâneo oferece aos indivíduos uma massa gigantesca de informações ao mesmo tempo em que oportuniza a eles certos meios para acessá-la. O acesso à informação, em alguma medida, já não pode mais ser entendido como um problema de primeira ordem (in tese, dos PCs domésticos às LanHouses, qualquer um pode navegar na Internet e ter diante de si esse universo de sons, imagens, vídeos, textos, esse espectro quase ilimitado de informações). Evidentemente é preciso reconhecer que ainda há casos em que isso se constitui um entrave para o desenvolvimento humano em suas mais variadas manifestações – social, cultural, econômico, político. De todo modo, o maior desafio do presente não se define pela quantidade, mas pela qualidade. Ou seja, se por um lado há uma grande oferta de informações e uma variedade de meios de comunicação instados a disseminar e pulverizar esse conteúdo, por outro lado isso não significa que haja uma efetiva assimilação da boa informação, a qual se traduziria em conhecimento real. Portanto, entre o virtual-potencial e o real-efetivo, uma distância precisa ser vencida. Nesse sentido, poder-se-ia aqui afirmar, fazendo eco àquilo que assinalaram alguns estudiosos e pensadores, que cabe à Educação diminuir tal distância. Um registro basilar da concepção segundo a qual a educação deverá tomar uma posição privilegiada na dianteira da sociedade do conhecimento está presente num documento elaborado pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI - UNESCO, coordenado por Jacques Delors, o qual ficou conhecido como Relatório Delors. Assim relata o documento:

A educação deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das competências do futuro. Simultaneamente, compete-lhe encontrar e assinalar as referências que impeçam as pessoas de ficarem submergidas nas ondas de informações mais ou menos efêmeras que invadem os espaços públicos e privados e as levem a orientar-se para projetos individuais e coletivos (DELORS, 2010, p. 1-2)

Percebe-se, pelo exposto no texto acima, que é função da educação transmitir saberes, entenda-se: conhecimentos qualificados, significativos, no sentido de que a cultura geral deve nos servir para que ampliemos nosso horizonte de compreensão do mundo e de nós mesmos, ao mesmo tempo em que nos possibilite o aprofundamento dessa compreensão; dito de outro modo, a educação na Sociedade da Informação deve ser potencializadora do “aprender a aprender”. Também se verifica pela leitura do excerto que esta ampliação do horizonte cognitivo e compreensivo só constitui uma base, pois não basta ter à disposição uma mina inesgotável se não sabemos extrair dela o minério precioso. Por conseguinte, os mecanismos, as ferramentas, o traçado que nos orientará na exploração da mina também nos devem ser oportunizados pelo processo educativo. Como assinala Delors: “À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele”. (DELORS, 2010, p. 2).

O importante, ao fim e ao cabo, é formar uma base sólida de competências e habilidades, aliando conhecimentos básicos e uma capacidade potencial de atualizar, aprofundar, enriquecer, enfim, aproveitar as ocasiões e os contextos para aprender e se adaptar à dinâmica de um mundo em constante transformação e que exige dos sujeitos flexibilidade e dinamismo (capacidade de aprender, e aprender a aprender), competência (saber-fazer), compromisso e interação (conhecer o outro, integrando-o a ele e formando uma rede social plasmada pela tolerância, o trabalho coletivo, o respeito mútuo, o cultivo de valores comuns), e autonomia (desenvolvimento da personalidade autônoma, tanto no que se refere ao conhecimento quanto à ação: a busca do crescimento pessoal deve partir do próprio indivíduo enquanto ser livre e capaz de se autogovernar, de escolher com responsabilidade seu próprio caminho). Se é assim, se os indivíduos são impelidos a desenvolverem esse conjunto de aprendizagens, então, será necessário se redefinir as bases daquilo que até então se entendeu por Educação. Como ressaltou Edgar Morin: “Há que se fazer uma total reorganização da educação.” (SÁTIRO, 2010, p.2). É nessa linha que o Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação do Século XXI estabelece os quatro pilares da educação contemporânea:

APRENDER A CONHECER
APRENDER A FAZER
APRENDER A VIVER JUNTOS
APRENDER A SER


REFERÊNCIAS:
DELORS, Jacques. Educação na Sociedade da Informação: o Relatório Delors. Texto complementar da Disciplina “Seminário Informática e Sociedade”, do Curso de Especialização Mídias em Educação, CCEAD-PUC-Rio, 2010.


SÁTIRO, Ângela. O Pensamento Complexo de Edgar Morin e sua Ecologia da Ação. Texto complementar da Disciplina “Seminário Informática e Sociedade”, do Curso de Especialização Mídias em Educação, CCEAD-PUC-Rio, 2010.

Um comentário:

  1. Olá Izaias,
    que tal - sugestão - colocar o video da Mafaldaque usou no plano de aula? Ele é tão legal! Voto pela postagem dele aqui.

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